Num país ainda marcado pela desigualdade racial do século XIX, um adolescente brasileiro chamado Charles Miller volta da Inglterra e traz na bagagem duas bolas de couro, um livro de regras e uma bomba de ar. Começa assim a história vitoriosa do nosso futebol.

Uma imersão nos acontecimentos da época mostra como o esporte moldou o coração do povo . Começa no ano de 1895 na inglaterra, passa por momentos decisivos da política brasileira como a libertação dos escravos, o golpe de Getúlio Vargas que fez estourar a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo, o surgimento do primeiro grande craque negro brasileiro, Arthur Friedenreich, as copas do mundo que marcaram nossas conquistas e derrotas, até 2014, quando novamente  o Brasil sediará um campeonato mundial de futebol.  Aí está inserida a arena Castelão, em Fortaleza, que entrou para a história do nosso futebol como o primeiro estádio a ser completamente concluído para o grande evento.

Quando surgiu no século XIX, na inglaterra, o futebol era um esporte de elite, onde somente os nobres podiam praticá-lo. Os pobres e negros eram excluídos e quando muito podiam apreciá-lo de longe, de forma sorrateira. Quando chegou ao Brasil, o esporte trouxe também toda a sua carga de preconceitos, excluindo aqui também os menos favorecidos. Isso fez com que o futebol fosse praticado cada vez mais nas ruelas e terrenos baldios por aqueles que não podiam jogá-lo nos campos adequados. Daí começaram a surgir talentos natos no trato com a bola e grandes nomes despontaram como verdadeiros craques da pelota. Ainda assim foi difícil e demorada a aceitação desses jogadores nos times oficiais que se formaram na época, gerando atritos e desavenças. Mal sabiam eles que o futuro do futebol estava justamente aí, nos pés daqueles que eram preteridos pela cor e condição social.